O efeito das redes sobre a comunicação de Instituições de Ensino é objeto de estudos e opiniões diversas de especialistas em marketing. O fato é que as redes sociais não são nenhuma novidade. Na verdade sociedade e redes são termos correlacionados e não existe sociedade sem redes.
Redes de artesãos, corporações de ofício, cooperativas de agricultores, seguidores de uma religião, amigos, clãs, tribos e famílias são o substrato mais essencial da humanidade. Redes de alunos. Passamos a andar em grupos para nos proteger de predadores e a partir de então não conseguimos mais viver isolados. “Nenhum homem é uma Ilha”, diria o filósofo Teilhard de Chardin. A revolução industrial e a economia de escala e das grandes organizações ocultou o fenômeno das redes, até o limite do efeito “Cocoon” (casulo), citado pela escritora Faith Popcorn.
Em seu livro, “O Relatório Popcorn”, ela aponta que a sociedade caminha para a vida em casulos, com as pessoas trabalhando, vivendo e tendo suas atividades dentro de suas casas. Foi a era broadcast, da comunicação para as massas, onde cabia ao consumidor, consumir. Sem participar de forma ativa desse processo. A celebrada escritora, nos anos 90, não conseguiu enxergar em seu relatório o potencial avassalador da comunicação que a Tecnologia da Informação traria na década seguinte. As redes de relacionamento foram o primeiro sinal de que a humanidade voltava a valorizar o efeito empático das redes. Atualmente as redes estão se fortalecendo por todo o mundo virtual em diversos segmentos. A Wikipédia (e mais atualmente a Wikiversidade) é um exemplo de redes de construção de conhecimento colaborativo. É a Web 2.0 em ação, onde o usuário constrói e deixa de contemplar a internet passivamente. Na Wikipédia o internauta contribui com seus conhecimentos. Outras redes, porém, possuem resultados mais concretos. As redes de programadores de softwares livres, por exemplo, objetivam criar programas acessíveis a todos os usuários de computadores e com códigos fonte abertos, para aqueles que desejem criar melhorias e inovações. Dessa forma esses softwares evoluem, naturalmente, por meio da ação voluntária de pessoas de todo o planeta.
O conceito das redes, recentemente, foi elevado à categoria de Smart Mobs, título do livro de Howard Rheingold. As Smart Mobs surgem quando a comunicação e a tecnologia da informação amplificam o talento humano para cooperação. Os impactos da tecnologia Smart Mob, no entanto, podem surgir por meio de ações positivas (como quando milhões de Filipinos derrubaram o Presidente Estrada por meio de demonstrações públicas organizadas através de mensagens de texto SMS), ou de forma negativa, como na organização de ataques terroristas.
As peças desse enorme quebra cabeças estão por todos os lados. Os microchips, utilizados para substituir códigos de barra em produtos nas gôndolas de supermercados são parte disso assim como:
– Redes Wireless que cobrem cada vez mais a superfície do planeta;
– As flash mobs do começo da década (e ainda comuns nos campi norte-americanos);
– As milhões de pessoas que disponibilizaram a memória ociosa de seus computadores para criar uma enorme rede de busca por vida extraterrestre (http://setiathome.berkeley.edu/), ou de seus celulares para criar informações de transito em tempo real via WAZE;
– As relações de vendas diretamente entre consumidores (C to C), e a forma como compradores e vendedores se encontram na rede.
São os nichos de mercado, os cluster, que ganham vida e voz ativa nos processos por todos os lados, em toda a economia. As empresas vêm desesperadamente tentando enxergar e atuar nessa nova fronteira, nessa rede que se amplifica sempre que “um universitário utiliza seu telefone celular para, via WhatsApp , chamar seus colegas para um churrasco”. Ou quando uma nova comunidade ou grupo é criada no Facebook (no LinkedIn ou no WhatsApp). Ou ainda quando um determinado blog aglutina pessoas interessadas por um tema, um news group passa a deliberar sobre um assunto ou um novo Think Tank discute um tema de relevância social.
Os mundos virtuais (afinal de contas) são uma nova faceta das redes sociais.
E como sua escola vem fazendo uso dessa mega tendência em sua operação?
Se sua Instituição de Ensino estiver no mesmo quadrante de 99% do restante do mercado, vêm observando passivamente esse efeito, esperando o momento certo para reagir. Novamente, caro gestor, “beberá água fresca quem chegar antes” e capitalizar esse fenômeno de forma eficaz. Uma maneira interessante de utilizar as Smart Mobs em prol de seus objetivos estratégicos é tentar perpetrar um efeito de comunicação endêmica (ou viral) que se propague em um determinado segmento. Contudo a mensagem seria uma mensagem e nada mais. Organizações mais agressivas vêm optando pelos modelos de Marketing Multinível para aproveitar essas oportunidades de negócios.
Marketing Multinível e não pirâmides!
Chamado de MultiLevel Marketing (MLM), o modelo sustenta-se em uma “cadeia” de agentes que comunica e vende produtos e serviços sem intermediários e sem os custos de campanhas publicitárias. Essa rede estrutura-se em camadas de distribuidores independentes. É o modelo de negócios há décadas utilizado pela Natura, Avon, Jequití etc.
Nesse modelo os “distribuidores” são remunerados pela captação de novos agentes, assim como pela venda do produto final. Nunca, contudo, essa relação pode passar de 60% x 40%.
A remuneração derivada da venda do serviço sempre deve ser maior que a remuneração derivada da captação de novos agentes. E é nisso que esse modelo difere-se do modelo piramidal, de cadeias etc, como eram os antigos modelos de Amway e afins (alguns dos quais, inclusive proibidos por lei).
E nós já fazemos, parcialmente uso desse modelo em nossas campanhas de indicação: de Member Get Member!
Só que nos falta coragem (e estudos de flexibilidade financeira e promocional) para ir além. Hoje nossas campanhas restringem-se a uma indicação pontual, em períodos de campanha. Contudo, quando estudos mais profundos são desenvolvidos, uma Instituição pode encontrar no MLM uma solução final para seus problemas de captação de alunos.
Em uma análise simples do problema, muitas Instituições oferecem 5% para cada novo aluno apresentado por um veterano. Esses descontos podem ser cumulativos, até 40%, 50% em outras. O questionamento que fazemos é: “porque não ir mais longe?” Oferecer a possibilidade de anuência total para um aluno que encontre o equilíbrio e traga 20 colegas (nesse modelo de 5%). Poderíamos até mesmo rever esse percentual para cima (chegando a 10% e a bolsa integral para quem trouxer 10 colegas), dentro de um estudo sério de viabilidade e sustentado por um sistema que permita essa concessão. Não adianta tentar implantar um modelo arrojado utilizando um sistema arcaico de faturamento.
E poderíamos fazer mais. Poderíamos ultrapassar esse limite e remunerar os alunos pelos novos colegas. E sobre os clientes que esses colegas captassem, quem sabe. Encontrando seu breackeven uma instituição poderia posicionar-se de forma única no mercado, através dessa estratégia. Algumas vantagens, ainda, seriam:
– Redução do investimento de mídia.
– Apoio na diferenciação: “seu empreendedorismo é valorizado”.
Contudo a remuneração e os descontos devem estar condicionados a adimplência e a frequência, tanto do veterano quanto do calouro. A IES poderia até mesmo instituir cláusulas comprometendo o desconto a parâmetros acadêmicos somente para alunos com notas acima da média, por exemplo.
A economia está mudando e os alunos esperam novas soluções. Ao mesmo tempo essas soluções podem ser oportunidades incríveis para novas IES, ou para instituições dispostas e revolucionar modelos e quebrar paradigmas.