Partindo da premissa que você está aqui (que ninguém imprimiu essas palavras numa folha de papel para você), você está online e se está na internet você sabe o que é um CAPTCHA.
O CAPCHA é um algoritmo criado para que os sites possam validar pessoas no lugar de robôs. Ele nos faz responder a tarefas triviais e impossíveis – até o momento – de serem executadas por softwares tais como “contar quantos barcos estão numa imagem”.
Apesar de o sistema ter nascido em 1997 o nome CAPTCHA surgiu em 2003, quando Luis von Ahn, cocriador do Duolingo e fundador do reCAPTCHA (a empresa criada em Carnegie Mellon University), cunhou o termo. A empresa foi vendida para o Google mais tarde. Em 2014 em seu TED TALK o programador contou um pouco dessa história. Naquele ano 200.000.000 de CAPCHAS eram digitados todos os dias no mundo.
E aqui começa nossa história de produtividade.
Naquela época digitar um CAPCHA demorava 10 segundos e von Ahn sensibilizou-se com o fato de roubar 500.000 horas de trabalho todos os dias da humanidade. Na verdade, ele produtizou essas horas ao vender sua empresa para o Google. Os CAPCHAS, então pequenos fragmentos aleatórios de textos se tornaram imagens, sons e vídeos. Essas imagens precisamente eram extraídas de diversos projetos do Google que precisavam de alguma validação. Então atualmente quando no Google Street View ou no Google Images vemos uma placa ou um semáforo ou um barco e o algoritmo do Google – por alguma desinteligência artificial não identifica aquilo como uma placa, um semáforo um barco, o Google pergunta para um humano, por meio de um CAPCHA se aquele objeto é de fato o que ele desconfia, mas não se sente seguro de indexar.
E dessa maneira nessa linda fábula digital von Ahn e o Google nos transformarm em mão de obra gratuita e professores de inteligência artificial doando para a empresa (ainda em 2014) 500.000 horas de trabalho. Todos os dias.
Uma fabula sobre tempo e produtividade que sempre me encantou.
Eu há anos vejo uma improdutividade latente em nossa operação. Sobre essa mesma perspectiva de tempo coletivo, sempre brinco que 50 alunos em uma sala de aula assistindo a uma preleção de 60 minutos, na realidade tomam 3.060 minutos de todo o grupo. E isso é muito tempo.
E nesse amálgama temporal a chamada sempre me pareceu uma quantidade brutal tempo coletivo perdido. Uma ritual sem sentido que acompanha diariamente gerações de humanos ao longo de décadas. Há anos eu penso em como poderia substituir esse legado anacrônico e primitivo por alguma solução. E sempre me pareceu uma boa ideia os RFIDs.
E nisso o destino me colocou numa mesma conference room com o Guilherme Salles, CEO da Saga Tecnologia e o Prof. Marcio Martins, Pró-Reitor de Educação a Distância aqui no Centro Universitário de Valença – UNIFAA.
E esse artigo conta a história de como nós dimensionamos esse problema e como estamos solucionando-o de maneira efetiva.
Durante o mês de julho de 2023 o Prof. Marcio desenvolveu uma pesquisa exploratória pra que nós pudéssemos entender o tamanho da ineficácia da chamada e os resultados são surpreendentes.
A frequência em sala de aula é um pilar fundamental para o acompanhamento do desempenho dos alunos e a garantia de um ambiente de aprendizado regular. O Prof. Marcio realizou uma análise detalhada da forma como os professores realizam o controle de frequência, abordando o uso de lançamentos físicos e digitais, além de investigar o tempo despendido em diferentes cenários de quantidade de alunos.
Basicamente existem duas abordagens distintas para o lançamento da frequência:
– Alguns professores optam por registrar manualmente a presença dos alunos em uma folha de chamada física para, posteriormente, transcrever esses dados para o diário eletrônico. Essa metodologia, embora ainda adotada por alguns docentes, revela-se passível de erros de transcrição e consome tempo precioso.
– Outros realizam o lançamento diretamente no diário eletrônico, eliminando etapas e aprimorando a eficiência do processo.
O estudo in loco apontou que o tempo demandado pelos professores para realizar o controle de frequência em diferentes cenários oscila, logicamente de acordo com o número de estudantes. Em salas menores com 30 alunos consome 5% do tempo da aula em salas com 80 alunos 13% de uma hora-relógio. De uma hora aula de 45 minutos seriam 6% e 18% respectivamente.
Para entendermos o impacto geral do tempo gasto no controle de frequência, consideramos uma duração total de 150 minutos para uma aula.
Com uma média de 50 alunos por disciplina (abrangendo um total de 463 disciplinas impactadas), pudemos calcular o tempo total empregado em todas as disciplinas.
a) Sala de aula com 30 alunos: 3 minutos x 463 disciplinas x 30 alunos = 41.670 minutos (695 horas).
b) Sala de aula com 60 alunos: 6 minutos x 463 disciplinas x 60 alunos = 166.320 minutos (2772 horas).
c) Sala de aula com 80 alunos: 8 minutos x 463 disciplinas x 80 alunos = 297.280 minutos (4955 horas).
AINDA.
O tempo oculto do lançamento posterior no diário eletrônico de professores que fazem a captação dos danos de forma analógica (circulando uma ficha por exemplo) consome DO PROFESSOR mais:
a) Sala de aula com 30 alunos: +3 minutos.
b) Sala de aula com 60 alunos: +6 minutos.
c) Sala de aula com 80 alunos: +8 minutos.
Em todos os casos é possível precificar o valor investido pela IES na chamada (porque ela paga o professor pelo seu trabalho).
Mas é IMPRECIFICÁVEL o TEMPO PERDIDO quando analisamos essa ineficácia processual de forma coletiva.
Por semestre em uma sala de aula com 80 alunos roubamos 4955 horas dessa população. Se projetarmos isso para a população universitária do ensino presencial brasileiro
Se o CAPCHA do início do texto se assustou quando descobriu que roubava diariamente 500.000 horas dos usuários da internet todos os dias, nós roubamos 2 milhões de horas diariamente dos nossos alunos do ensino presencial com a chamada (usando a HORA RELÓGIO como parâmetro analítico e uma SALA COM 80 ALUNOS para essa análise).
MAS COMO SOLUCIONAR ESSE PROBLEMA?
Aí entra no circuito o Guilherme Salles que eu considero um dos maiores especialistas em sistemas de gerenciamento logístico automatizado para industrias, grandes armazéns e centros de distribuição. Quase a mesma coisa de uma sala de aula na minha opinião.
E começa nossa jornada da construção de uma solução para transformar a chamada em um processo orgânico e natural, viável e econômico frente a miríade de tecnologias disponíveis para solucionar um problemão: a geolocalização no nível de sala de aula.
Diversas alternativas técnicas foram consideradas, cada uma com suas vantagens e limitações:
– GPS Nativo do Celular: Embora o GPS dos smartphones seja amplamente utilizado, sua precisão não é suficiente para garantir que o aluno esteja dentro da sala, o que pode gerar imprecisões na chamada.
– QR-Codes: Etiquetas nas salas de aulas, lidas pelos celulares dos alunos, foram cogitadas, mas esse processo seria moroso e pouco conveniente, além de não oferecer localização em tempo real e ser extremamente fraudável.
– BLE Beacon (Bluetooth Low Energy): Dispositivos Bluetooth de baixo alcance poderia ser instalados em cada sala ou nos alunos, mas representariam um custo significativo e ainda não garantiriam precisão total.
– APPs e WIFI: O celular do professor poderia ser uma ancora e ele poderia emitir um TOKEN para os alunos validarem sua presença, mas dependeríamos a da qualidade do sinal, do dispositivo móvel do professor, dos alunos, da qualidade do WIFI, da sincronicidade entre o professor, o token e os alunos receptores o que, para quem já esteve em uma sala de aula, tomaria um tempo excessivo não solucionando o problema.
– Portais TAGS RFID6 – O ideal seria a utilização de antenas e portais, mas esses dispositivos esses dispositivos ainda são caros e inviáveis para uma localização em nível de sala.
A solução: displays para validação de TAGS RFID por aproximação.
Com valores muito inferiores aos portais e antenas permitem a validação do aluno por proximidade na entrada da sala de aula, integrado ao sistema acadêmico, com muito mais dinamismo e eficiência e custos muito reduzidos.
Os displays ainda são responsivos e repetem o nome do proprietário da TAG constrangendo um “André” que tente passar a tag da sua amiga “Soraya” no dispositivo.
As tags são customizadas e tangibilizam a marca da organização.
Podem ainda liberar acessos ao campus, reforçando a segurança desses espaços.
Para escolas os dispositivos WIT (Who Is There) poderão enviar para os pais avisos de frequência em sala de seus filhos. Dando mais tranquilidade para os responsáveis por esses estudantes (e reduzindo as “aulas cabuladas” da nossa juventude).
Um passo importante no processo de Transformação Digital pelo qual muitas organizações estão passando nesse momento. Dessa maneira devolverão boa parte do tempo roubado dos alunos e das instituições de ensino pelas “chamadas”. Um artificio que cumpriu seu papel na história da educação mas que merece, na nova economia, ficar registrado nos livros de história.
Para saber mais sobre essa história me manda uma direct para batermos um papo pessoalmente por aqui. 😉
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