SEm tempos de “Profissionalização da Gestão” e da busca pela “governança” enquanto elemento de valorização das Instituições de Ensino Superior privadas, as mantenedoras buscam no mercado melhores práticas, metodologias e sistemas para administrar com coerência suas instituições.
É comum encontrar “profetas do livro do mês” discorrendo sobre a “mais moderna técnica de planejamento jamais inventada” competindo por espaço na folha de pagamento das Instituições. Esse é um espaço profícuo para a atuação de consultores de diversas naturezas e é importante que o gestor saiba separar e categorizar as diversas ofertas de forma a decidir por caminhos evitando a esquizofrenia estratégica.
As possibilidades são diversas e a oferta de “consultorias” para o meio pode levar a dúvida e a indefinição em um momento onde a certeza é um fator fundamental para o sucesso.
Escolher todos os caminhos é escolher por nenhum e inviabilizar o futuro da organização. Existem especialistas em diversas disciplinas vendendo “soluções definitivas” nessa “selva” que tornou-se o meio educacional.
Em 2000, Henry Minzberg, Bruce Ahlstrand e Joseph Lampel escreveram “Safári de Estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico”. Essa publicação, hoje um clássico, revelava uma importante doença da administração moderna, que começa a acometer as IES: o paradigma onde o processo de formulação prioriza – e não preconiza – o processo de execução, e as Instituição passam a oscilar por metodologias, sem continuidade ou foco.
Os primeiros estudos sobre planejamento remontam os anos 50, quando a Teoria dos Sistemas iluminou a compreensão da interface da empresa com seu meio ambiente. Posteriormente o Sistema Fordista abordou o progresso social embasado na distribuição de renda pelo trabalho, na separação entre estrategistas e operacionais, o consumo de massas, produção em escala, padronização e baixo custo, focando o processo e a empresa em detrimento do mercado. As escolas e técnicas sucederam-se de forma ampla e continuada de maneira a atender as novas necessidades de setores emergentes em uma economia cada vez mais complexa. Existe hoje uma tendência de aplicar respostas pré-moldadas ao cenário educacional, pressupondo que soluções que deram certo no setor aéreo e metalúrgico – que doravante salvaram organizações em crise dessas áreas – servirão ao nosso contexto. Em tempos de uma ampla diversidade ecológica o gestor precisa decidir-se por alguns exemplares da fauna estratégica para não construir um zoológico na ante-sala da mantenedora. Entre os exemplares desse rico ecossistema, destacamos alguns, muitas vezes de colorida plumagem e poucos resultados:
– Balanced Sored Card: a estratégia fundamentada em fatores críticos;
– Matriz de Valor: a estratégia advinda da inovação;
– Learning organizations: a estratégia como um processo de aprendizagem;
– Escola do design: a estratégia como um processo de concepção;
– Escola de Planejamento: a estratégia como um processo formal;
– Escola de Posicionamento: a estratégia como um processo analítico;
– Escola Cognitiva: a estratégia como um processo mental;
– Escola do Poder: a estratégia como um processo de negociação;
– Escola Cultural: a estratégia como um processo democrático;
– Escola da Configuração: a estratégia como um processo de transformação.
Numa rápida passagem por uma Instituição é possível encontrar diversas consultorias prestando serviços à mantenedora, encantando com apresentação de Softwares, Planilhas e Matrizes, e obscurecendo ainda mais a visão do futuro. Nesse momento é importante priorizar e decidir-se pela linha mais adequada, não se deixar levar por modismos. É importante ponderar que uma decisão gera conseqüências e exclui possibilidades. Mas que é importante decidir.
E é importante ponderar que todas as técnicas, metodologias, escolas e disciplinas estão subordinadas a uma única e categórica visão: a do Pensamento Estratégico. São na verdade variações desse tema, e formas diferentes de executá-lo e interpretá-lo. E que, por fim, o negócio educacional deve, sim, ser administrado profissionalmente, mas que a esquizofrenia estratégica somente adia decisões e fomenta a dúvida. E que, no momento de optar por um fornecedor, resultados do setor tecnológico, jamais garantirão resultados no setor educacional. Mais do que tudo experiência e discernimento são fundamentais na condução da organização pelas trilhas dessa selva de estratégias.