Incas, Judeus, Muçulmanos, Babilônicos, Astecas, Chineses, Egípcios e Romanos. Ainda que com unidades diferentes, desde o início da civilização, o homem vem buscando medir o tempo através da leitura de fenômenos astrológicos.
A semelhança entre os calendários transcende a noção de “dia” – o intervalo entre duas noites – e repete-se na medição do mês e do ano.
O mês era calculado pelos povos antigos como o número de dias necessários para que lua desse uma volta ao redor da terra (29,5 dias). Chamada de “mês lunar” essa medida resultava num ano lunar de 354 dias, 11 dias mais curto que o ano solar.
A utilização do astro rei como referência trouxe-nos o ano como nós o conhecemos.
A semana deriva da tradição judaico-cristã, de descansar ao sétimo dia e a Era de Cristo (que nos posiciona – no ocidente – em 2005) foi fixada em 1350. Depois de idas e vindas em 15 de outubro de 1582, com a Reforma Gregoriana, estabeleceu-se o 1º de Janeiro para o começo do ano. A partir de então se definiu a sistematização da contagem do tempo.
Ainda que a histórica justifique os dias, meses e anos, nenhuma explicação solar, lunar, numerológica, cabalística ou filosófica explica “porque as aulas devem ter início depois de fevereiro”, de fato.
O ano letivo é um dogma na educação brasileira. Uma verdade absoluta e incontestável, assim como os pré-requisitos curriculares, na qual poucos têm coragem de tocar e discutir. A lei prega 200 dias letivos. E é isso.
A tradição, todavia, vem sendo colocada a prova pela modernidade. A globalização semeou o “horário global”, e as regras vem sendo subvertidas com uma freqüência cada vez maior por diversos setores da economia.
A quebra do paradigma do ano letivo, no entanto, continua sendo uma barreira na educação presencial.
A entrada de alunos em uma, ou duas, únicas e determinadas épocas do ano é um modelo antiquado de administração de tempo.
A gestão moderna e as novas necessidades do mercado pedem que as IES’s adotem critérios diferentes dos atuais – se é que existe algum critério além da tradição na composição do seu calendário.
Fazer o mesmo sempre não implica inovação e é reflexo do comodismo das faculdades e do seu receio de modernizar-se.
A solução deve partir do ingresso dos estudantes condicionado ao seu interesse pelo curso. No fechamento de turmas após a inscrição de um número mínimo de alunos.
As faculdades deveriam aprender com os cursos de línguas, por exemplo, que divulgam “Matrículas Abertas o Ano Inteiro”. Dessa maneira na proporção em que as inscrições fossem sendo realizadas as aulas iriam se iniciando.
Dinamismo com respaldo legal, deve-se ressaltar, na Nova Lei de Diretrizes Curriculares Nacional.