No noticiário da semana nossas crenças mais profundas foram atacadas de dois lados.
Por um flanco a “42” uma universidade sem professores e livros, sem custo, acaba de abrir seu campus no Vale do Silício na Califórnia tornando-se uma operação transoceânica. Sua sede é em Paris. https://goo.gl/WuGpl4
Na banda contrária o relatório The New Work Order, divulgado pela Foundation for Young Australians (FYA), aponta que 60% dos estudantes do país estão atrás de carreiras que se tornarão obsoletas pelos avanços tecnológicos e automação.
As mensalidades sempre foram
a única fonte de proventos das Instituições de Ensino Superior Privadas. Da
receita proveniente dos serviços regulares de ensino saíram os investimentos e
custearam-se as contas dessas organizações em toda a sua história.
A inércia desse contexto começa a sofrer um movimento brusco por parte de
alguns mantenedores que vêm buscando em outros setores ou no exterior a
inspiração para prospectar fontes alternativas de fomento.
A receita tupiniquim é a de expandir a operação por meio de estratégias
laterais de marketing, ampliando a receita pela entrada em novos setores. São
escolas que se tornam editoras, consultorias, institutos de pesquisa, software houses, gráficas, hotéis e
veículos de comunicação.
No exterior, contudo, a capitalização dá-se internamente pela sofisticação do
produto (dos próprios cursos).
Esse é um fenômeno que ocorre tanto em países industrializados como em nações em desenvolvimento. Nessas
universidades é bastante comum a parceria com empreendimentos econômicos ou
sociais. Especialistas apontam que as organizações educacionais necessitam
superar o “complexo de ostra” e deixar que o sol penetre em suas conchas, até
hoje hermeticamente lacradas. Caso mantenham-se dependentes da receita
proveniente das mensalidades essas Instituições estarão fadadas ao fracasso.
A inovação é essencial para a sobrevivência e é necessário reimaginar a
estrutura da organização, desprendida dos dogmas que a metodologia acadêmica
costuma impor ao empreendimento educacional. Parcerias são fundamentais e o
esforço de criar Join Ventures é
menor que o de adentrar em um setor diferente. Contudo a segunda opção não deve
ser totalmente afastada.
O “complexo de ostra” das Instituições acomoda os mantenedores ao convívio com
algumas das mais brilhantes “pérolas”, e costuma desdobrar-se para uma arrogante
“Gigantomania”. Quando pensam em novas possibilidades de negócios sonham alto. Contemplam
buscar investidores, novas fontes de recursos no mercado financeiro, criar
amplas estruturas para novos negócios.
Muitas deveriam fazer a lição de casa corretamente e focar-se mais no seu
ambiente interno. Ao procurar parcerias, prospectá-las por meio de alternativas
legais para captação de fomentos (Lei Rouanet, Imposto de Renda, etc). Procurar
organizações interessadas em vender produtos ou oferecer serviços aos seus
alunos dentro do Campus. Esse modelo de lojas é chamado Store in Store e muito comum no exterior onde, como em uma
simbiose, uma unidade comercial instalasse no campus.
Uma escola é, em muitos casos é um pólo regional que aquece toda uma cadeia de
empresas nas suas cercanias. Outros empreendedores sabem fazer uso do movimento
continuado de estudantes de uma universidade.
O mercado imobiliário se aquece, o setor de serviços e comércio. Apenas a
Instituição parece não acreditar na sua continuidade e restringe seu foco a sua
atividade fim. Quando deveria pensar de forma inovadora. Rompendo com seus
modelos e dogmas e abrindo-se para novas possibilidades. O crescimento
horizontal, pela abertura de novos cursos tende-se a desacelerar. A
especialização e melhoria na qualidade já é uma tendência. As possibilidades
para progredir diminuem de um lado. Mas com criatividade e gestão é possível
continuar o desenvolvimento por novos caminhos.
PARA BAIXAR O RELATÓRIO “THE NEW WORK ORDER” CLIQUE AQUI.